domingo, 30 de maio de 2010

Indecisão...

Ás vezes pergunto-me, o porquê da vida ser assim.
Ás vezes oponho-me, ás ideias que são colocadas. Aos ideias que são impostos, ás vontades, aos caprichos.
Por vezes a ideia de me soltar é tal, que no fundo do meu ser não encontro nenhuma razão concreta, nenhum objectivo.
A noite, quente e límpida, que me ilumina a memória de um sonho já há muito esquecido no tempo.
Os seus lábios, o seu toque, os seus olhos, o seu cheiro, o seu sabor.
Todo o seu ser aglomerado na ideia errada de o ter.
Um erro!
Uma atitude!
Um desejo!
Mas quando a vontade é muita, quando o desejo é mutuo, o amor, a chama da paixão, ilumina uma alma já amada, um ser já desejado.
Uns lábios já beijados.
Um cheiro já sentido.
Um toque já dado.
Um sabor já conhecido.
Um amor que era tão forte, tão consistente e que permanece na dúvida, ao olhar para trás, e apenas ver aquilo que não se deveria ter.
E ao enfrentar uma verdade que apenas se quer desmentir. E ao enfrentar uma realidade que não deveria existir, eu pergunto:
"será que o queria assim?"
"será que a ideia de o perder é tão forte?"
Mesmo sabendo que não o tenho, mesmo sabendo que apenas o desejo, vejo à minha frente, ao fechar os olhos.
E sei, que uma outra imagem deveria aparecer.
A ideia sólida de amar.

Pergunto...

Ás vezes pergunto qual será a melhor atitude a ter.
Por vezes, a vontade de ser e obter é tal, que me atinge, como uma flecha, o coração.
Puro. Demente. Pergunto qual a sensação de estar do outro lado. Porquê agir sem pensar? Porquê fingir que se está a amar?
Quando o desejo é muito. Quando a vontade é tanta. Quando a saudade do seu sabor, esvazia o meu coração enchendo a minha alma de algo.
Um sentimento que está tão longe, um sentimento que se mantém tão perto.
No meio do escuro procuro a luz que ilumine uma alma. A minha alma.
Por entre o silêncio. O pesaroso silêncio. Procuro a melodia que encha o vazio que sou eu.
Procuro uma explicação.
Procura uma resposta.
No entanto, apenas encontro lixo, que apenas serve para me baralhar. Que apenas serve para me fazer pensar em outras coisas, senão a verdadeira questão.
Senão o verdadeiro facto.
O amor!
Que investe por entre tudo o que eu penso. Que me ignora quando o chamo, que desaparece quando o procuro.
Tudo o que quero.
Tudo o que sinto.
Tudo o que penso.
Tudo aquilo que me faz ser eu.
Tudo aquilo que me torna em mim
E pergunto porquê.
Porquê as vozes que ecoam na minha cabeça não param.
Dizendo apenas palavras que eu não percebo.
Frases ocas. Contextos que não interessam.
E levam-me a odiar.
Levam-me a desprezar.
A desejar algo que não é verdade.
E a realidade, que por entre a mentira e o que eu penso, permanece intacta.
E eu que a procure.
Dentro de mim.
O ser que diz: "não e sim"
Esse ser que marca o inicio e o fim.
Sem nunca pensar...
No porquê.
Então, cabe-me a mim, achar uma verdade que é mentira.Cabe-me a mim parar, cessar, enfrentar essa guerra que não é minha, mas que se trava dentro de mim. Essa batalha fria e crua que me faz perguntar "quem sou eu?". Uma guerra entre dois oposto que se mantém agarrados à perversa ideia do que é amar.
Dois opostos que fazem de mim o que eu sou.
E depois pedem-me:
Sê assim.
Age assim.
Faz assim.
Diz assim.
Pensa assim.
Fala assim.
Sente assim.
E eu pergunto.
No meio de tudo, onde estou eu? Onde está a minha essência? O meu ser?
A minha verdade.
A minha alma.
Quem sou?
Onde estou?
O que faço?
Porque o digo?
O que penso?
A quem falo?
O que sinto?
Porque sinto?
E apenas me pergunto...

sábado, 29 de maio de 2010

Uma recordação

Contornou a esquina da tua em passo leve e brando.
A noite caia estrelada, como o dia subia pleno e sereno. As ruas estavam calmas e esse profundo silêncio reflectia-se no céu negro e brilhante.
A grande lua, límpida e fugaz, ameaçava cair em plena Terra perante a noite quente.
Os segredos esvoaçavam pela sua memória, e ela sorria contornando os obstáculos da noite.
Sentou-se num banco daquele parque tão belo, que já tantas coisas sabia.
Sorriu. Perante a noite tomava uma atitude altiva desejando esquecer o que a fazia sentir impotente durante o dia.
Desejava voltar a senti-lo. Mesmo que não o quisesse admitir, nem no seu intimo mais profundo. Desejava voltar a respirar aquele ar puro de felicidade, voltar a sentir os olhos encherem-se de lágrimas puras, quando ele voltara.
Tentava sempre encontrar uma solução para o que a fazia sofrer.Encontrar uma solução para tornar uma lágrima num sorriso.
Queria perceber o porquê de se ter ido embora, de a ter abandonado assim, e desejava, ter essa explicação.
" - Porquê?! Não me deixes... Eu sem ti morro!" Lembrava-se das suas palavras e arrependia-se de as ter proferido.
Inspirou fundo e fechou os olhos.
A sua memória pregava-lhe partidas, juntamente com o pensamento da sua silhueta alta e forte.
Desejava que a noite se tornasse dia. Que encontrasse a luz, que a escuridão não passasse de um sonho.
Farta de enfrentar o presente, desejava adormecer e apenas acordar quando o pesadelo acabasse.
Quando o sentimento terminasse.
Quando aquela voz se calasse.

Bem... Eu estava aqui embrenhada no meio dos meus rascunhos, procurando um texto antigo para escrever, e encontrei, meio dobrado e esquecido, este... É um pequeno excerto de um livro que eu escrevi (e que me queriam obrigar a publicar mas eu esquivei-me) achei bonito, é normal que não se perceba bem a história :P mas prontos...

A verdade...

A noite caiu.
Tal como a esperança de um sonho melhor.
Perguntava-se o porquê.
Depois de se arriscar, de se humilhar, acabara por perder tudo aquilo que desejara.
Por entre caminhos que antes negara, fechava agora os olhos a uma pura descoberta, algo que não queria nem desejava saber.
Tornara-se complicado olhar de frente quando a vida, dura e cruel, lhe vedara os olhos com um pano escuro de mágoa.
Olhar para o lado sem ver aquilo que desejava observar, todos os que amava e odiava, desapareciam.
Deixando-a na solidão amarga de um pesadelo do qual não conseguia acordar.
Porquê?
Deixarem sozinha quem amavam.
Porquê?
Abandonarem na ignorância de um ser algo frágil, algo sincero.
Inspirou fundo todos os sonhos, todas as mágoas e transformou-os em algo bom e mau, algo apaixonante.
A força de viver.
O vento que por entre as folhas soprava, não fazia sentido.
A água que nas rochas batia, já não suava a verdade.
Tudo à sua volta descambava caindo num poço sem fundo.
Um turbilhão de mentiras e enganos.
Cinismos e falatórios.
Era algo tão doloroso.
Olhar para o lado e ver quem amava partir ou rejeitar, amar e ignorar.
Falando e agindo como se tudo estivesse normal. Como se nada houvesse para dizer, contar. A verdade apenas suava a algo doloroso.
Demasiado doloroso de ouvir.
Demasiado secreto, escondido na mente de cada um.
São apenas os pesadelos de todos que se concentram numa só alma, num só corpo.
Enchendo e enchendo até não aguentar mais.
Até não suportar mais a ideia.
Vê-lo partir.
Quem ama, quem deseja, para todo o sempre do seu lado.
Quem odeia poderia ir embora mas insiste em ficar apenas acumulando mais a ideia de um sofrimento algo cego.
De um amor algo forte, poderoso. Tal como a necessidade de respirar.
Pois sem ele, sem o seu sorriso, as suas lágrimas, o seu doce "olá" desejando nunca mais um "adeus".

Isso titulos não é comigo.

Aproximei-me.
Do medo, das escolhas, a oportunidade de ser feliz.
Podia fingir que a verdade era mentira. Podia moldá-la aos meus gostos, à minha maneira de a ver, de a sentir. Saboreá-la nos meus lábios, e cuspi-la com a repugnância de quem a sabe, de cor. Sem problema de a enfrentar.
Podia até imaginá-la. Ao longe. Tornando-se passado.
Mas tudo isso não passava de um pensamento distante, que me atormentava à medida que o tempo passava. À medida que essa ideia se tornava cada vez mais constante. Como se não houvesse saída.
Inspirei fundo.
Era um medo, um receio.
Era uma mistura de sentimentos tão fortes que ao tentar numerá-los, perdia a razão do meu sentido.
O poder de uma alma que acreditava.
A força de uma mente que pensava.
A vontade de um corpo amar.
A saudade de sonhar.
Quando tudo se tornava num pesadelo. Quando ao fechar os olhos apenas a vontade de esquecer. Tudo o que envolvia o meu ser numa neblina densa de mentiras. Uma verdade na qual eu não queria acreditar.
E no silêncio procurava a melodia de um sentimento distante, que constantemente permanecia perto, demasiado perto, do meu peito.
Não era fácil enfrentar um medo que insistia em aparecer quando tudo parecia estar bem. Não era fácil olhar para o futuro, apenas um ponto de interrogação moldado por um passado demasiado marcante, demasiado
influenciável. Um passado que eu temia que se tornasse presente. Um passado que eu apenas sonhava esquecer.
Aproximei-me.
Afastando-me dos sonhos que outrora me levavam ao céu. Afastando-me dos desejos que outrora me ensinaram a voar. Afastando-me de todo o "eu" que permanecia sincero e intocável por uma sociedade que nos muda a cada dia que passa. Que nos envolve nessa neblina de sentimentos perversos sobre o que é ser Homem. O que é sonhar, amar, desejar, ser. Tudo o que antes nos mantinha felizes, algo desfocado por uma imagem pouco nítida do que é apenas, fechar os olhos e adormecer, num pesadelo que tem como continuação a vida real.
Tento não recordar. Tento não me aproximar daquela cruel realidade. Uma realidade que estou prestas a enfrentar. Uma realidade que apenas desejava poder transformar em sonho.
E desejava, poder olhar e ver algo que apenas a minha alma receia, algo que apenas a minha mente oculta, o meu corpo anseia, por um momento de luta. Uma luta constante, uma batalha inevitável que se abate por dois opostos que desejam, contrariamente, o mesmo.
E apenas pergunto quem será o vencedor?
Quem ganhará esta batalha que se trava dentro de mim.
Quais os motivos que, concretamente, se mantêm apagados de mim. Quais os motivos que eu não percebo.
E porquê?
O que será que alimenta o desejo de sofrer? A doce sensação de felicidade que abandona a minha alma.
Enquanto o tempo passa.... Enquanto a saudade aperta, um sorriso que voa, uma opção que se mantêm em aberto para um ser que não tem mais por onde escolher.
Duas metas.
Apenas um sentido.
Para a frente.
Nunca recuar... avançar...
Apenas avançar...
Seguro!
De si!
Da sua vontade.